segunda-feira, 16 de julho de 2012

Dispenso destacar definições débeis, indetermináveis

Dispensa maiores comentários.

Poesia e música.

Parafraseando Cássio Scarpinella Bueno (sim, ele mesmo): "À ela, porque realizar é preciso"


"Sua avenida, meu sonho, passemos

Há, pois, proporção
Nos encontros e desencontros?
Sigo sozinho, pensando
Dúvidas, duvidando, e certas incertezas
Acomodado e protegido
Insosso, cheio de medos e ressentimentos
Mas vida que é vida, e vive
Nada nunca nos prepara para certas pessoas
Ou prepara, deixando despreparado
Trôpegos, bêbados, inebriados
Imprevisível, chega sem avisar
Tira tudo de lugar
Vida, vira-na de cabeça para baixo
Sopra o sopro gostoso e leve
Denso de vivacidade e poesia
Quando se vê, já não há mais
Sem porquês, como ou quando
Foi-se, assim, repetidamente, repentinamente
Chegou, bateu e ficou
Amor. Amei. A mim? Você.
Sem dúvidas? Com todas elas
Mas, sem dúvidas, chegou
Duvida? Duvido não
Não sintas, apenas sinta.
Sem “sinto muito”, lembra das desculpas?
Rima com dúvidas? Ah, métrica perfeita
Que como a morena do amor
É perfeita nas imperfeições
Morena, de cabelo solto
Que, solta, prendeu livre meu coração
E, livre, se afeiçoou também
Liberdade... Para escolher ser escolhido
Livre para decidir ser preso
Morena, do sorriso puro
Do olhar sincero
Pedagógico?
Que alfabetiza e ensina a ler
Ensina? Não, já nasceu sabendo
Sabendo ler e escrever a mim
Sem rascunho, desenho perfeito, mas inacabado
Que vai mudando a cada traço, como quiser
Abstrato, Salvador Dali... Ou salvadora, daqui
De olhos fechados
E segue lendo, leve, lá longe
Até o que não foi pensado, ou foi?
Não dito por medo? Precisa dizer?
Olha, quem olha primeiro desvia por último
Assumo que olho? E deixo de olhar, quando?
Fico perdido, na órbita do seu olhar
Relógio sem órbita, orbito eu
Quando vejo, acelerou a asa do sorriso
Já sabia Lenine
Tive, então, que improvisar
Como? Ensaiando, olhando
Pra que ensaiar? Dura, funciona?
E o tempo passa, rápido devagar
Ilógico na demora dos dias
Injusto na rapidez sábado, quinta, terça
Incrível petrificando o encontro
Do meu e seu olhar
Do meu e seu abraço, abraçados, entrelaçados, de braço dado
Do seu e seu coração. Meu? Não
Morena, forte como a lua, bela como ela
Inversa, inverte, a regra ignora
Não orbita em órbita alguma
Traça trajetória toda tua, sua
Orbito eu, brilha você, reflito eu, sorri você
Longe-perto, intangível e perceptível
Feliz, afeta o afeto, fato
Mudo, sigo, corro, acompanho
Sento, admiro, cito, sou puxado
Repelido, puxado de novo
Já não sou repelido mais
Já consigo tocar, e toco, e gosto, e toco
Fico, vê, perto, preciso, exato
Ah, menina lua, morena que brilha
Estampa sorrisos, mesmo perto-longe (perto-perto)
Desafia a física, química
Abraça longe, aquece perto
Beija, boca, toca alma
Entender? Já não tento mais
Nem preciso, não precisa, quem precisa?
E não há mais, nem cabe, nem pode haver
Medo, seguro que não, solto, solta, deixa voar
Toca, sente, forte, não quebro, nem quebra quebrar
Quebra, cola, junta, mosaico abstrato, como quer
Ver o que quer, tudo nada
Preenche com o que desejar
Cheio de vazio ou esvaziado de cheio
Quebrar é bom, paradigmas
Eu e vc, mais eu, quebra, quebrei, montei
Construi um castelo de “não disse, leia”
Em vão, sem querer, já havia removido pedra por pedra, Morena
Construo, então, minha poesia, nossa
Dirijo minha vida, percorro a avenida que você já abriu, Morena
Preparada, ainda não, nem pronta, mas aberta
Leva ao horizonte, lugar incerto de tanta felicidade
Sopro de vida começa e termina, lá, horizonteia e volta
Segue, Morena, e eu sigo. Seguimos.
Mas voltemos sempre ao nosso lugar
Pra te buscar e você me encontrar
Porque você deixou muito mais do que flores
Mas ainda faz questão de regar o jardim"

A música?

Lenine - Do it

E chega.

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