Poesia e música.
Parafraseando Cássio Scarpinella Bueno (sim, ele mesmo): "À ela, porque realizar é preciso"
"Sua avenida, meu sonho, passemos
Há,
pois, proporção
Nos
encontros e desencontros?
Sigo
sozinho, pensando
Dúvidas,
duvidando, e certas incertezas
Acomodado
e protegido
Insosso,
cheio de medos e ressentimentos
Mas
vida que é vida, e vive
Nada
nunca nos prepara para certas pessoas
Ou
prepara, deixando despreparado
Trôpegos,
bêbados, inebriados
Imprevisível,
chega sem avisar
Tira
tudo de lugar
Vida,
vira-na de cabeça para baixo
Sopra
o sopro gostoso e leve
Denso
de vivacidade e poesia
Quando
se vê, já não há mais
Sem
porquês, como ou quando
Foi-se,
assim, repetidamente, repentinamente
Chegou,
bateu e ficou
Amor.
Amei. A mim? Você.
Sem
dúvidas? Com todas elas
Mas,
sem dúvidas, chegou
Duvida?
Duvido não
Não
sintas, apenas sinta.
Sem
“sinto muito”, lembra das desculpas?
Rima
com dúvidas? Ah, métrica perfeita
Que
como a morena do amor
É
perfeita nas imperfeições
Morena,
de cabelo solto
Que,
solta, prendeu livre meu coração
E,
livre, se afeiçoou também
Liberdade...
Para escolher ser escolhido
Livre
para decidir ser preso
Morena,
do sorriso puro
Do
olhar sincero
Pedagógico?
Que
alfabetiza e ensina a ler
Ensina?
Não, já nasceu sabendo
Sabendo
ler e escrever a mim
Sem
rascunho, desenho perfeito, mas inacabado
Que
vai mudando a cada traço, como quiser
Abstrato,
Salvador Dali... Ou salvadora, daqui
De
olhos fechados
E
segue lendo, leve, lá longe
Até
o que não foi pensado, ou foi?
Não
dito por medo? Precisa dizer?
Olha,
quem olha primeiro desvia por último
Assumo
que olho? E deixo de olhar, quando?
Fico
perdido, na órbita do seu olhar
Relógio
sem órbita, orbito eu
Quando
vejo, acelerou a asa do sorriso
Já
sabia Lenine
Tive,
então, que improvisar
Como?
Ensaiando, olhando
Pra
que ensaiar? Dura, funciona?
E
o tempo passa, rápido devagar
Ilógico
na demora dos dias
Injusto
na rapidez sábado, quinta, terça
Incrível
petrificando o encontro
Do
meu e seu olhar
Do
meu e seu abraço, abraçados, entrelaçados, de braço dado
Do
seu e seu coração. Meu? Não
Morena,
forte como a lua, bela como ela
Inversa,
inverte, a regra ignora
Não
orbita em órbita alguma
Traça trajetória toda tua, sua
Orbito
eu, brilha você, reflito eu, sorri você
Longe-perto,
intangível e perceptível
Feliz,
afeta o afeto, fato
Mudo,
sigo, corro, acompanho
Sento,
admiro, cito, sou puxado
Repelido,
puxado de novo
Já
não sou repelido mais
Já
consigo tocar, e toco, e gosto, e toco
Fico,
vê, perto, preciso, exato
Ah,
menina lua, morena que brilha
Estampa
sorrisos, mesmo perto-longe (perto-perto)
Desafia
a física, química
Abraça
longe, aquece perto
Beija,
boca, toca alma
Entender?
Já não tento mais
Nem
preciso, não precisa, quem precisa?
E
não há mais, nem cabe, nem pode haver
Medo,
seguro que não, solto, solta, deixa voar
Toca,
sente, forte, não quebro, nem quebra quebrar
Quebra,
cola, junta, mosaico abstrato, como quer
Ver
o que quer, tudo nada
Preenche
com o que desejar
Cheio
de vazio ou esvaziado de cheio
Quebrar
é bom, paradigmas
Eu
e vc, mais eu, quebra, quebrei, montei
Construi
um castelo de “não disse, leia”
Em
vão, sem querer, já havia removido pedra por pedra, Morena
Construo,
então, minha poesia, nossa
Dirijo
minha vida, percorro a avenida que você já abriu, Morena
Preparada,
ainda não, nem pronta, mas aberta
Leva
ao horizonte, lugar incerto de tanta felicidade
Sopro
de vida começa e termina, lá, horizonteia e volta
Segue,
Morena, e eu sigo. Seguimos.
Mas
voltemos sempre ao nosso lugar
Pra
te buscar e você me encontrar
Porque
você deixou muito mais do que flores
Mas
ainda faz questão de regar o jardim"
A música?
Lenine - Do it
E chega.